sexta-feira, 28 de junho de 2013

Nós - Das cartas não enviadas


 

Fomos serenos num mundo veloz,

Nunca entendemos então porque nós.

Só mais ou menos.*

 

Querido, às vezes os fantasmas de nós me perseguem.

Numa música, numa frase, nos olhos daquele moço que se parece contigo e em muitas coisas eu ainda lembro-me de você.         
Nós morremos, aliás, o nosso nós foi feito pra acabar, e embora a dinâmica da vida seja essa - tudo uma hora acaba - algumas vezes ainda me dói esse nós tão finito.
Ah meu bem, foi tudo tão bonito, vivemos cem anos em alguns meses, conjugamos o verbo amar de todas as formas possíveis e foi nos teus braços que aprendi o sentido da palavra entrega.

Eu queria te contar, querido, houveram outros depois de ti, aquele que me ganhou na poesia, o outro que era a personificação da beleza e me botava de patas arriadas, embasbacada. Teve aquele que eu amei virtualmente, o outro que me levou no papo, o malandro "pega geral", ou ainda aquele que quase me matava de tanto prazer, e teve até o que foi amor da cabeça aos pés, mas que não foi você, e por isso não me bastou. E tem inclusive, esse ultimo, que me lembra muito você.

Houveram vários, mas nenhum nunca mais foi capaz de permanecer no meu coração, superam o primeiro, o segundo, mas nunca duram tempo suficiente para superar os muros erguidos em torno do meu pobre coração depois de você.

Todos feitos pra acabar, duram noventa dias e então eu preciso de novidades, porque são apenas eles, e nunca mais você, nunca mais nós.

Sabe, Querido, nós fomos a paz num mundo em guerra, a serenidade no caos, fomos um mundo dentro do mundo, a mais bela flor nascida do solo seco, as vísceras de um boneco inflável, o coerência dentro do ilógico, nós fomos amor, o único amor "cor-de-rosa-quick" que eu tive na vida.

Meus bem, nós fomos feitos pra acabar, e se nunca soubemos por que nós, eu sei bem que nunca mais. Então meu querido, qualquer dia desses, quando os fantasmas de nós me assustarem demais, eu não me importo se você aparecer pra me explicar, - caso tenha aprendido - o que é que a gente faz com o amor que acaba mas não termina.

 

 

 

*Por que nós – Marcelo Jeneci


*Escrito em 09/2012


segunda-feira, 24 de junho de 2013

Daquilo que sai do coração.

"-Tudo bem, até pode ser que os dragões sejam moinhos de vento(...)"*

 

Deus, eu não sei muito bem definir quem ou como você é, mas acredito na sua existência, e com o coração cheio de humildade é que lhe peço acima de tudo que me dê amor, liberdade e coragem.

Não afaste nunca de mim a tua compaixão, me ajude todos os dias a manter o foco em quem eu sou,  que eu não me perca, que eu não me contamine com o normal, que eu não dê ouvidos ao ordinário, que o me doar de alma e coração ao que faço seja minha meta sempre, mesmo quando tiver tão distante  e impossível que eu duvide de alcançar.

Olhai por mim para que nos dias de auto-questionamento e auto-condenação,  haja sempre uma mão estendida para me resgatar e que meu orgulho nunca seja maior do que minha necessidade de ser resgatada.

 Afasta de mim o medo e por misericórdia: não me negue nunca um pouco mais de coragem.

Deus, que mesmo quando as tristezas lânguidas me dominarem, eu ainda consiga ver a vida me sorrindo, que eu tenha forças suficientes para soltar o grito entalado na garganta, e que eu saiba calar quando a vida assim o pede.

Mantenha longe de mim o tédio, a mentira, a dissimulação e a mesquinharia. Que cresça sempre em mim a empatia, que eu não seja nunca blasé a dor alheia. Que quando necessário eu decrete minha própria anarquia particular e mais do que isso, que eu seja forte o suficiente para me curar dos machucados dessa luta.

Deus, se meus problemas crescerem de forma exponencial, por misericórdia te peço que minha coragem cresça assim também. Que minha miopia não  impeça nunca de ver a beleza existente nos detalhes, que eu não desista, que eu não me venda, que eu não me perca.

Deus, eu não me importo com as dificuldades, mas peço humildemente que minha coragem seja sempre maior do que minha dor,  que se tudo o mais faltar, eu tenha as palavras para pedir seu socorro, que as palavras não me sejam negadas nunca.

Deus, obrigada por me ouvir, tenha compaixão de mim para que entendendo ou não suas respostas, eu não seja nunca estúpida em rejeitar ou duvidar.

Amém


*Engenheiros do Hawaii - Dom Quixote